Home

Das coisas que não aprendi nos livros, muito menos nos livros da Bíblia, é que não temos consciência de que a experiência de Deus inevitavelmente ocorre em cada um de nós de modo próprio e diferente. Cada um tem consciência de Deus de modo privado, sem interferências externas. Ninguém pode induzir, converter alguém para um mistério que só pode ser revelado a cada um. Na verdade há em cada um de nós um vazio esperando ser preenchido. Nas profundidades do ser, todas as complexidades, paradoxos, realidades obscuras, realidades de impossível compreensão, convergem para abrirem-se à presença misteriosa de Deus, quando oramos. Presença que é revelada somente quando há disposição do orante que busca a serenidade possível para ouvir a Voz que fala além da consciência. Voz que revolve o ser profundo.

Tudo que antes foi obscuro, erros, desvios nos caminhos da vida, perversões incrustadas na alma, passa a ser iluminado por uma luz intensa. Luz do Espírito. Luz que orienta para um novo nascimento. Mergulhados em abismos oceânicos, águas turvas da pobreza de espírito, somos iluminados para que sejam abertas as janelas da alma por onde entrará a luz de um novo sol. Alcançamos liberdade para entrar e sair do infinito, e medir as profundezas de nossas escuridões interiores. Agora, o Espírito de Deus sonda nossa alma e nos ilumina. Podemos ouvir o Deus de Misericórdia, Deus de Compaixão, Deus de Perdão, Deus de Solidariedade, e compreendermos que Ele nos aceita tal qual somos, onde estivermos, socorrendo-nos em nossas aflições, sejam elas procedentes de quaisquer das fontes do mal, em nós ou em torno de nós.

Então, descobrimos que nossas escuridões, nossos caminhos, são iluminadas pela misericórdia de Deus. Deus que dispensa sua Graça, tal como revelada em Jesus Cristo. Fomos atingidos e iluminados pela Luz Divina. O cerne da escuridão aparentemente inexpugnável dos sentidos foi atingido de maneira a abrir-se para a Luz do Sol; para também ouvir a Voz que nos orienta para a paz, a calma e a serenidade. As janelas de nossas almas foram abertas de par em par, recebemos a orientação do Espírito, na mensagem que vem de Deus. Somos aceitos sejam quais forem as condições em que nos encontramos, desde o fundo dos abismos nos quais nos encontrarmos. Deus nos socorre no fundo dos abismos onde fomos lançados, voluntária ou involuntariamente, conduzindo-nos para fora dos caminhos da escuridão dos sentidos. O egoísmo, a autossuficiência insensata, quando induzidos pelos instintos desesperados do ódio, da raiva, do desprezo ao semelhante. Aqueles lugares sem luz e sem estrelas. O Espirito nos guia para longe deles.

De repente o diálogo se estabelece, e nosso ser alcança o Ser Profundo de Deus que está em nós. Dos nossos abismos clamamos pelo Deus da nossa salvação, diz o poeta nos Salmos. Ele nos ouvirá e nos resgatará da escuridão, socorrendo-nos. Liberdades inusitadas para esse diálogo despontam das rachaduras e fissuras de nossa alma, arrastando-nos para fora dos abismos nos quais fomos atirados, voluntária ou involuntariamente. Uma imensidão de alegrias floresce desses abismos, como flores que nascem nas pedras, nas fendas das montanhas rochosas. Como nas serras de Minas Gerais. E sentimo-nos como uma semente viva depositada em terreno rochoso do qual vai brotar um novo ser. Oremos. Amém.

Deixe um comentário