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O cristianismo é a religião do amor? Se não é devia ser. No cristianismo neotestamentário a Lei de Deus, apontando Jesus Cristo, é regida através do Amor. Amor que se traduz em compaixão, solidariedade, acolhimento, convivência tolerante nas diferenças sexuais, religiosas, nacionais e raciais, como apontou Jesus Cristo. O centro, o cerne, a essência da religião proposta no Novo Testamento, Bíblia Cristã, indica que o Deus de Jesus é Pai de Amor. Jesus o chama de Painho, ‘Abbah. O pai de Jesus é um pai maternal, manso, terno, justo, compassivo, e tem em mente as necessidades de todas as criaturas. O pai de Jesus é um pai que te oferece o colo, o abraço, enquanto permite que tu recostes no Seu peito para que descanses e durmas em paz, como disse o poeta na canção. Todos nós carecemos de solidariedade, justiça, ternura, compaixão, mas há ainda os mais desprotegidos. E Deus ama os desprotegidos e fracos, os pobres, vulneráveis, debilitados pelas circunstâncias adversas. O Painho de Jesus preenche nossas carências, nos enche de amor, enquanto alivia o peso dos fardos colocados em nossos ombros. Fardos pesados do preconceito, da discriminação de pessoas, do julgamento e condenação falso-moralista, por exemplo.

O evangelho diz que Jesus ouviu interiormente estas palavras bem-aventuradas: “Tu és meu Filho bem-amado, em ti pus todo o meu regozijo”. Jesus fez a experiência infinita do amor de Deus, a quem chamou ‘Abba, Painho. Sobre cada pessoa o Deus de amor repete o que disse a Jesus: “Tu és meu filho amado ou filha amada, em ti pus meu regozijo”. Estas palavras nos trazem imensa alegria e a certeza de que estamos sempre sob as asas protetoras do amor de Deus, independentemente de nossa situação religiosa, moral ou social. Se compartilhamos a vida com homossexuais, prostitutas, cegos, surdos, coxos, pobres, famintos, doentes, presos, sem-teto, Deus nos ama. Não porque somos bons ou tolerantes para com eles, mas porque é de sua essência amar gratuitamente, aceitar o discriminado e abandonado, e querer companheiros, homens e mulheres vivendo esse amor.

Não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais empático, de mais humano e de mais perfeito do que o Cristo de Deus pregando sobre o amor. Dizemos a nós mesmos com um amor cioso que Deus não é um juiz implacável, segundo a Bíblia, eu fico com o Cristo dos evangelhos. Cristo coloca o amor a Deus e à justiça aos abandonados e excluídos acima de tudo. Mais do que isto, se alguém quiser provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não e acha nele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a “verdade” farisaica do cristianismo justiceiro, vingativo, proibitivo, quando se refere aos párias e os discriminados. Tomado pela loucura divina do amor incondicional aos desprotegidos e discriminados; tomado pela proximidade amorosa de Deus para com todos os seres humanos, em primeiro lugar os lançados no despenhadeiro da fome e da miséria, os que sofrem linchamento moral diante da coletividade, para além de qualquer condição social ou moral, pobre, miserável, faminto, discriminado e abandonado, respeito e quero ser um seguidor do Cristo de Deus. Sei que nenhum desses escolheu essa condição. Ao contrário, sei que essa condição lhes foi imposta pela desigualdade, seja nas oportunidades que lhes foram negadas pela própria sociedade. Jesus revela o amor de Deus, ‘Abba, quando este se junta com gente mal-afamada, discriminada, alvo do nojo da sociedade farisaica. Neste quesito, é preciso ressaltar que Jesus é tomado pelo amor de Deus, ‘Abba. Amor que vai a seus irmãos e irmãs, enquanto lhes revela por gestos e atitudes a novidade da religiosidade que nos levará à proximidade amorosa e incondicional do Pai.

O amor de Deus reflete um apelo aos seguidores de Jesus para praticarem a fraternidade igualitária, que certamente nos chega através da exortação amorosa de Jesus. Por compaixão o crente, o seguidor de Jesus, ama o seu semelhante, e dele faz o seu próximo. O amor, assim, potencializado no seguimento Daquele que se intitulou manso, terno, amoroso, solidário, é como um verdadeiro milagre agindo no ser. O amor, segundo Jesus, não surge do cérebro, da razão, do conhecimento, da lei religiosa. O amor surge do coração. Esse sentimento vai além da tragédia que o pecado provoca na vida humana, quando se despreza ou se ignora, o amor. Assim, excluindo todas as dúvidas, o amor proposto na lei religiosa perde terreno para o amor que humaniza, amor pela própria humanidade. Jesus ensinou como dar força ao sentimento de amor e compaixão pelo próximo.

O próximo, para Jesus, é propriamente o outro, o semelhante, aquele que deve ser amado, seja qual for a sua condição. O próximo é a vítima da homofobia, da misoginia, da xenofobia, do supremacismo racial, das desigualdades sociais. O próximo é o semelhante de quem se tirou todas as posses e direitos fundamentais. O alvo preferencial do amor de Deus, apontado por Jesus, é o aflito, o oprimido, aquele de quem se tirou direitos e dignidade. Deus se entregou aos pobres, discriminados, excluídos, alvos do preconceito, vítimas da xenofobia, da homofobia, da misoginia, para libertar e salvá-los. Posso ver o amor de Deus quando amo o meu próximo, o gay, a prostituta, as vítimas de assédio e abuso sexual. Posso ver o amor de Deus nas vítimas de infanticídio, do feminicídio, do supremacismo racial ou social. E, para que exista amor ao próximo, é preciso aprender que Deus ama aquele que está na minha frente ou mesmo distante de mim; preciso aprender que Deus é o próprio amor identificado no amor encarnado, Jesus Cristo. Jesus ensinou: ama teu próximo como amas a ti mesmo. Então…

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