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[Resumo 2] TEOLOGIA DA PROSPERIDADE é uma doutrina religiosa pentecostal, evangélica, que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos. E que a fé, o discurso positivo da direito à prosperidade e as doações para os ministérios da igreja irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. A teologia da prosperidade ensina que o crente têm direito ao bem-estar físico e social, as realidades físicas e espirituais devem ser vistas horizontalmente, pragmaticamente, como uma realidade inseparável. O pastor diz “você é crente, tem direito de ter carro do ano, morar em endereços nobres, ter casa e apartamentos, inclusive os melhores planos de saúde”, interpretado para o fiel que a prosperidade econômica e saúde física são resultado das ofertas trazidas ao altar. A riqueza é interpretada na teologia da prosperidade como uma bênção de Deus, obtida através da lei espiritual positiva, em acordo com o compromisso do dízimo trazido ao altar.

Por trás de tudo, encontramos nos evangélicos de outrora, da primeira tradição protestante, o reverso do atual movimento evangélico. Porém, ambos foram atingidos pela Teologia do Domínio, superposta à Teologia da Prosperidade, diante do enfraquecimento dessas propostas religiosas sob a ameaça de mais perdas nas membresias. A pandemia do coronavírus enfraqueceu a frequência aos templos, e consequentemente afetando as contribuições dos fieis por ela doutrinados. A Teologia do Domínio enfatiza em primeiro lugar o empoderamento político, traduzido em participações autoritárias em ataques à Democracia, ao Estado de Direito, à Suprema Corte e às instituições da justiça que sustentam o o estado laico.

Este processo neopentecostal é quase sempre professado em termos pragmáticos, como resposta à fidelidade do crente. Igrejas neopentecostais também realizam seminários sobre responsabilidade financeira de empresários, e investidores em ações na bolsa de valores. Introduzem-se treinamento de obreiros em “programas de coaching” também para empresários, além dos cultos semanais regulares, que têm como foco melhorar a produtividade e performance nos âmbitos pessoal e profissional do crente, revelando seus potenciais. Segundo os instrutores do coaching nas igrejas, tais aplicações trariam benefício para a própria igreja, no sentido de levar o empresário crente do ponto onde está para o ponto desejado de prosperidade, de forma estruturada e pragmática, como ensina sua igreja. Tudo isso como resultados em maiores contribuições para a igreja a que pertence.

Segundo estudiosos da teologia da prosperidade, tais estratégias, apesar de conterem bons conselhos, geralmente enfocam na compra de bens caros, casa, carro, como resultado que o fiel contribuinte deve esperar. Doutrina grandemente enfatizada nas igrejas seguidoras que acompanham o neopentecostalismo. Pregadores da teologia da prosperidade causam uma dependência à intervenção financeira divina que levou muitos a escolhas desastrosas, quando perderam tudo que tinham na falsa confiança a que se entregaram estes fieis, afirmam observadores do movimento. Os pregadores dessa doutrina focam o empoderamento pessoal, promovendo uma visão falso-positiva do espírito e do corpo. Eles defendem que os crentes receberam poderes desde a criação do universo porque foram feitos à imagem de Deus, e ensinam que a confissão de compromisso eclesiástico permite aos crente exercer domínio sobre suas almas e bens materiais ao seu redor. Os líderes do movimento veem, inclusive, a prática dessa doutrina como fonte de alívio de doenças, da pobreza e da corrupção espiritual. A pobreza e as doenças são maldições que podem ser quebradas através da fé em sua doutrina e das ações orientadas pelo pastor de plantão. O crente neopentecostal, como os primeiros evangélicos, tradicionais, também deve afastar-se de marginais, mas não distanciar-se de alcoolistas, fumantes, usuários de drogas, que devem ser trazidos aos seus cultos de cura e exorcismo. Ao mesmo tempo, nunca identificar-se com desocupados, vagabundos, milicianos, mendigos, também escórias da sociedade.

Poucas entre igrejas seguidoras dessa doutrina buscam um paradigma mais moderado da prosperidade, mais wesleyano, calvinista ou luterano. Pastores de megaigrejas também defendem uma “teologia da vida abundante”, professando a prosperidade para o ser humano como um todo, o que veem como um caminho para o combate à pobreza. As igrejas seguidoras da doutrina colocam grande ênfase na importância do dízimo. Os cultos geralmente incluem dois sermões, um com foco nas doações e na prosperidade, incluindo referências bíblicas ao dízimo, seguido de outro após as doações. Os líderes das igrejas geralmente conferem uma bênção específica no dinheiro que está sendo doado, alguns até mesmo instruem os fiéis a segurar suas doações acima de suas cabeças durante a oração. Dedica-se também algum tempo à oração pelos congregados doentes durante os cultos. Os congregados são encorajados a fazer declarações otimistas sobre os aspectos de suas vidas que eles desejam melhorar. Estas declarações, conhecidas como confissões positivas, teriam o poder de miraculosamente alterar aspectos das vidas dos fiéis se ditas com fé.

As igrejas também encorajam as pessoas a “viver sem limites” e cultivar o otimismo em suas vidas., pastor de uma megaigreja não-denominacional, rejeita o que ele vê como “demonização do sucesso”. Ele defende que a pobreza é uma barreira à vida cristã, argumentando que é mais fácil fazer um impacto positivo na sociedade quando se é influente. Enquanto igrejas seguidoras da teologia da prosperidade têm a reputação de manipular e alienar classes pobres, muitas desenvolvem programas sociais. Um exemplo disso, no Brasil, são programas nas igrejas que defendem a capacitação e o florescimento humano com o objetivo de libertar as pessoas do “assistencialismo” e da “mentalidade de vítima”.

Diferindo das exigências de compromisso nas igrejas evangélicas tradicionais, adotam o que se chamou de “confissão positiva”. Um título alternativo para a teologia da fórmula a confissão de fé para o engajamento evangélico, através da “conversão”. A fé ou “doutrina da prosperidade”, também nas igrejas evangélicas pentecostais evangélicas, ganhou espaço incontestável na totalidade evangélica. A expressão “confissão positiva” trata de trazer literalmente à trazer à existência, de modo prático, o que declaramos verbalmente”. Para o evangélico neopentecostal a fé na prosperidade é em si uma confissão. Desse modo, um evangélico deve ter a marca da plena fé: ser economicamente bem-sucedido, ter saúde física plena, inclusive saúde emocional e espiritual, além de buscar a prosperidade material. A pobreza e a doença são resultados de maldições, fracassos, vida pecaminosa, ou incredulidade. De acordo com Paulo Romeiro (Super Crentes, o Evangelho), Teologia da Prosperidade é a corrente doutrinária adotada entre evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais. Essa doutrina ensina que “uma vida medíocre do cristão é um indício de falta de fé”. O termo neopentecostalismo, ou a expressão Terceira Onda do Pentecostalismo, designam a “terceira onda” do movimento pentecostal.

HISTÓRICO DO MOVIMENTO NEOPENTECOSTAL [Resumo 2.2]

O Neolpentecostalismo é um movimento dentro do cristianismo evangélico iniciado no século 19, desde igrejas batistas, metodistas, presbiterianas, congregacionais, luteranas. O neopentecoslismo surgiu em meados dos anos 1970 e 1980, décadas após a eclosão do movimento pentecostal do início do século 20, por volta de 1910. O pentecostalismo clássico tem fundamento nos primeiros anos da Assembleia de Deus e da Congregação Cristã, no Brasil. Dissidente de denominações evangélicas oriundas das missões protestantes, nas igrejas tradicionais, batistas, presbiteriana, metodistas, etc., é também uma variação do primeiro protestantismo evangélico. O neopentecostalismo, porém, só é considerado um movimento sectário por evangélicos da primeira geração protestante. Hoje, de um geral, evangélicos pentecostais incorporam seus nomes ao “movimento evangélico”, engajados em ataques a sistemas democráticos, direitos humanos fundamentais, cidadania abrangente e igualitária.

[] No Brasil, embora o movimento tenha se fragmentado e desmembrado em centenas de igrejas particulares funcionando onde houver espaço para tanto, sem comando central, sob o nome “igreja pentecostal”, alguns dos maiores e mais representativos grupos dessa corrente são a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, a Igreja Renascer em Cristo, a Igreja Apostólica Fonte da Vida e a Comunidade Cristã Paz e Vida, a Comunidade Salva Nossa Terra, a Igreja Batista da Lagoínha. Seus ministérios apontam, bispos e pastores, ou missionários presidentes, que norteiam e comandam suas igrejas no País. Possuem um evangelismo massivo. Boa parte das igrejas neopentecostais possuem TVs, rádios, jornais, editoras ou literaturas próprias, e portais na internet. À semelhança dos EUA, os neopentecostais brasileiros passaram por um sincretismo entre os movimentos evangélicos tradicionais, passando por influências das religiões de matriz africana. Contudo, a meu ver, é mais forte a influência do protestantismo evangélico pentecostal. Por que? Porque é impossível desconsiderar que a genealogia evangélica remete neopentecostais aos “avós maternos e paternos” do protestantismo de missões no século 19.

Evangélicos neopentecostais surgiram da mistura entre as religiões cristãs evangélicas e as religiões africanas, p.exemplo o candomblé (donde emergiu Edir Macedo). As religiões africanas, por comportarem um maior valor social e etnocêntrico (o Brasil tem maioria racial afrodescendente), quando utilizaram antigos rituais místicos e mágicos das religiões africanas, a exemplo disso a influência da Umbanda.

Outros ensinamentos comuns em igrejas neopentecostais herdados das religiões africanas no Brasil, segundo pesquisadores, são os temas: batalha espiritual (confronto espiritual direto com os demônios), maldições hereditárias, possessão demoníaca (domínio espiritual sobre as pessoas). Os resultados são doenças ou fracasso, etc., dos quais o crente deve livrar-se. Sem dúvida, a ênfase que as denominações neopentecostais dão a essas práticas levam suas igrejas a serem muito criticadas pelas demais denominações protestantes evangélicas. Inutilmente. Segundo os críticos, o sucesso expressivo do movimento teria seu fundamento na pulverização teológica promovida ao misturar religiões metafísicas com o cristianismo pentecostal. A teologia vigente nesse movimento é extremamente rasa, distanciando-se celeremente das teologias tradicionais evangélicas. Mas a crítica é insuficiente, diante da pesquisa antropológica do movimento evangélico no Brasil.

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